Porto do Seo Élcio (Arquivo Rê) |
Ontem,
por uma feliz coincidência na caminhada matutina, encontrei a Rê, a amiga
Regina Natividade, professora lutadora como a minha querida Gal e tantas outras. “Que prazer, Zé! Você não sabe o quanto eu estava pensando em você
nesta semana! É que a escola está pensando em trabalhar a cultura caiçara com a
criançada. Só tem um detalhe: pouquíssimos professores sabem alguma coisa nesse
assunto. Por isso recomendei o seu blog como leitura”. E fomos andando e
conversando. Afinal... há muito tempo que a gente não se via. Prosear então nem
se fala!
A
Rê, professora desde o começo da década de 1990, acompanha meus textos muito
facilmente porque fez parte das minhas andanças e das muitas atividades por
tantas partes deste litoral norte. Recordamos de tantas coisas, de tantas
pessoas que têm grande importância em nossas vidas... Também comentamos fatos
tristes, de gente nossa que, em seus desvarios, estragaram vidas, inclusive de
filhos.
A
vida profissional da Rê, quando ela assumiu uma escola, começou na Ilhabela, em
1993, na comunidade do Saco do Sombrio, na E.E.P.G (ER) PARANABI. Lugar longe,
gente! Sobretudo para quem morava em Ubatuba, no bairro da Estufa! Era uma
condução até Caraguatatuba, depois outra até São Sebastião. Depois de atravessar
de balsa para a Ilhabela, outro ônibus até o centro da vila, onde, no cais, uma
canoa a motor enfrentava o mar por duas horas e meia. Pronto! Chegávamos ao Saco
do Sombrio!
Ao
chegar, logo avistávamos as expressões curiosas, dos caiçaras desse local
isolado, do outro lado da Ilha; nos olhavam da costeira, dos terreiros mais
próximos, das janelas das moradias simples de pau a pique embarreadas. Assim
que a canoa se aproximava das pedras, alguns desciam para ajudar. As primeiras
pisadas nas pedras foram no Porto do Seo Élcio. As madeiras estivadas sobre as
pedras recebiam as canoas cansadas do mar. Que faina! “Onde é a escola?”. “Vamos subir, é logo ali”, disse quem está mais
perto ajudando no desembarque da carga. E o “logo ali” é um morro. E a escola, “logo
ali”, é a última casa, depois de todas as outras moradias. Depois dela é só
mato. Na hora pensei: “Não tem como engordar num lugar assim. Ou você sobe e
desce ou você sobe e desce”. Por dois
anos a Rê viveu entre eles. Quero, nos próximos textos, compartilhar as imagens
e as anotações dessa professora que se formou em Ubatuba, dessa amiga de tantos
anos.
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