Trabalhadores em plena produção (Arquivo Igawa) |
Acompanhando o relato das atividades do Sr. Igawa, enxergamos um dinamismo para superar as crises que aparecem no nosso contexto, sobretudo na década de 1980. É uma grande aposta que ele faz no potencial de pescados em Ubatuba! Coragem mesmo!
Em época assim, onde as tainhas aparecem em nossas águas, como é bom recordar um tempo de mais fartura, onde barcos e mais barcos, de diversos pontos da costa Sudeste e Sul, se avolumavam para descarregar toneladas e toneladas no porto (Caisão) de Ubatuba.
Em época assim, onde as tainhas aparecem em nossas águas, como é bom recordar um tempo de mais fartura, onde barcos e mais barcos, de diversos pontos da costa Sudeste e Sul, se avolumavam para descarregar toneladas e toneladas no porto (Caisão) de Ubatuba.
Crise:
Mas ter a matéria prima – a sardinha
– para trabalhar, era bastante complicado, não havia interesse dos barcos
pesqueiros em descarregar a pescaria em Ubatuba pela falta de gelo para o
reabastecimento dos barcos. A rotina era a seguinte: os barcos seguiam para os
pontos onde “boiavam” os cardumes na época certa, no “escuro”, com o porão cheio de gelo, pois assim os
peixes se mantinham frescos até o descarregamento. Sem gelo não era possível a
pesca. Em Ubatuba, a produção de gelo ( da antiga fábrica do governo estadual no
cais do porto e na do sr. Osvaldo Monte, na rua Adutora) era muito limitada e
insuficiente para abastecimento de todos os barcos. Sem sardinhas, sem produtos
para vender e um tanto de funcionários a receber seus salários, sem poder abastecer o armazém, acabou por
fechar o comércio de secos e molhados. Em seguida, colocou à venda o
terreno da salga mas não conseguiu nenhum interessado em muitos meses.
Busca de solução:
Sr. Igawa resolve hipotecar sua casa
em São Paulo e a propriedade em Ubatuba como garantia para um empréstimo no
Banco do Brasil para a construção de um barco pesqueiro e de uma fábrica de
gelo. Nesse tempo o armazém no Paraná também já fora vendido. Os projetos de
barco e fabrica de gelo são concluídos em 1972. Assim, com matéria prima e gelo
para o barco, a empresa começa a se reerguer. Vem melhorias, são construídos
alojamentos para os trabalhadores vindos
de fora da cidade (Catuçaba, S. Luis do Paraitinga, Parati, Camburi). As
mulheres limpadoras das sardinhas (era tudo manual) de bairros distantes, como
Pereque-açu e Ipiranguinha, contavam com uma kombi para buscá-las e levá-las de
volta para casa. Em 1976 é construído novo barco – o Aladim, o primeiro tinha o
nome de Atalaia. Trabalhavam embarcados por volta de 20 homens, a maioria
vindos da Picinguaba. A produção de gelo abastecia os barcos próprios, barcos
de terceiros e, também, e que foi fundamental para o turismo crescente
na cidade, foi a venda de gelo para os pequenos comerciantes de raspadinhas,
bebidas e coco na praia e aos ambulantes que pegavam o gelo para distribuir às barracas e trailers afora.
O gelo era em formato de barra compacta pesando 25 quilos e bem resistente ao derretimento .