terça-feira, 25 de março de 2025

VEIO DO RIACHO

     

 

Veio do riacho - Arquivo JRS 

   Eu aniversariei dias desses. Minha filha me trouxe um vinho de amora, presente do estimado Maciel. Junto à mesa com as minhas queridas Gal  e Má eu experimentei. "Noooossa! Que coisa boa!". Eu nem imaginava existir um vinho de amora, pois sempre tomei o tradicional, feito de uva. 

     Li o rótulo: VEIO DO RIACHO. Pensei num veio, como se fosse uma artéria levando um precioso líquido do qual ninguém consegue viver se não tiver mais: a água.  Perguntei à Maria: "Por que tem esse nome?".  Prontamente ela explicou: "Porque o Maciel deixa ele engarrafado dentro do riacho, na propriedade dele, o Vale do Paty, lá no no alto da serra. Na água fria ele vai se apurando". Valeu, querida filha!

              Que delícia! Quer experimentar? Todas as quartas-feiras o Maciel está vendendo seus produtos na Feira Agroecológica, na "Fazendinha", no final da rua Orlando Carneiro, em Ubatuba. Passa lá!  

      Valeu, Maciel!

domingo, 16 de março de 2025

CIDADANIA SE APRENDE


 

Céu de todos - Arquivo JRS 

    Todos os lugares e todos os momentos servem como aprendizagem. Se queremos cultivar a cidadania, devemos prestar atenção a isso. Tempos atrás alertei para um detalhe comum em quase todas as cidades: os nomes, as denominações de logradouros que prestam homenagens injustas, criminosas. Não é diferente em Ubatuba.

     Lendo o livro O trato dos viventes, de Luiz Felipe de Alencastro, me detive num detalhe do século XVII, quando o reino de Portugal estava precisando de metais preciosos. Um pouco de ouro já estava sendo encontrado na região de Paranaguá e no interior paulista, mas a imensidão das terras do Brasil alimentavam as cobiçosas esperanças de grandes riquezas, justificando o trabalho de africanos escravizados e do vergonhoso tráfico negreiro.

 

   Como ampliar a mineração na colônia americana, no Brasil? Os conselheiros do rei dão como um fato consumado a “grande quantidade de índios que hoje estão destruídos”. Para esses conselheiros não existia reserva de mão de obra indígena para as minas que planejava “entabular” nas latitudes brasileiras próximas de Potosí. Na circunstância, o Conselho entendia que só o trato de escravos de Angola podia “conservar” o Brasil. Dos quatro conselheiros que assinavam o relatório, três tinham vínculos diretos com o negócio negreiro. Um deles granjeava grande destaque na Corte e na política ultramarina: Salvador de Sá e Benevides, membro da oligarquia fluminense, restaurador e ex-governador de Angola, mentor das expedições lançadas no além-Mantiqueira atrás de prata, ouro e esmeraldas.

 

      Esse Sá e Benevides, traficante de escravos que, a custo de muitas vidas tombadas reconquistou Angola, São Tomé e Príncipe ao reino de Portugal, nomeia a rua paralela à avenida Yperoig, no coração da nossa cidade de Ubatuba. Um de seus parentes tinha a fazenda para comércio de escravos na praia da Tabatinga, na estrada das Galhetas. Tal como os bandeirantes destruidores de comunidades indígenas largamente homenageados por aí afora, será que não passa da hora de rever tais honrarias? O apelo é pela cidadania ativa através dos espaços do nosso território.

terça-feira, 4 de março de 2025

IMPORTÂNCIA DA ESCOLA

     

Alicerce  -  Arquivo JRS 

  "Agora, depois do carnaval, começa o ano letivo de verdade". Esta frase é comum ouvir entre alunos e professores.  Só que não, né? As coisas não param, as estratégias para manter tudo sobre controle de quem domina a sociedade se atualizam sem respeitar essas festas, nem dias santos e feriados. Ou seja, permanentemente estamos submetidos a um aprendizado, ouvindo e vendo lições que alteram nossas vivências. Porém, é a escola que parece carregar maior responsabilidade na formação para a cidadania na nossa sociedade. Mesmo estando consciente que todo espaço é lugar de aprendizagem, os docentes e gestores redobram suas atenções no espaço escolar, no ano letivo, nas horas em que crianças e adolescentes estão dentro dos limites da escola, no prédio. 

     Me deparando com uns absurdos no entorno, na nossa cidade e na sociedade brasileira, proponho algumas questões que não são novas, mas não custa nada relembrar:

     Os estudantes estão sendo  educados numa visão mais humanitária, solidária, colaborativa, comunitária etc.? Estão crescendo na consciência de suas responsabilidades individuais e sociais? Almejam uma vida saudável, sustentável, ética e prazerosa? As escolas têm uma proposta didática integradora, que vai ao encontro das comunidades? As gestões escolares estão atentas a proporcionarem uma orientação para uma sociedade solidária, democrática e justa? A clientela escolar vai se direcionando para uma formação profissional digna e com boas práticas sociais? Na vida adulta será capaz de questionar e reorientar as atenções dos setores produtivos para os interesses coletivos?

     Creio que novas políticas e novas mentalidades políticas nascerão dessas e outras questões prementes há muito tempo no processo formativo da vida escolar, mas... sem dúvida alguma, o nosso meio social é o maior influenciador da cidadania.  Posturas reacionárias não condizem com cidadania libertadora. Não é só a escola que tem  de cuidar dos alicerces da nossa casa e da nossa sociedade!