Avisto uma coisa sobre a mureta, me aproximo. Vejo que meu sobrinho faz o mesmo. "Que é isso, tio?". Seguro aquela delicadeza na mão, peço a ele que tente adivinhar. "Não sei, mas parece um osso". Confirmei e expliquei: "É um osso, do peito do frango. O povo caiçara, a nossa gente mais antiga o nomeia como osso jogador. Na verdade, este título se justifica porque ele era recurso para encerrar disputas, concluir apostas etc.". Notando que o jovem ainda não compreendera quase nada, fiz uma demonstração. Segurei uma haste do ossinho e pedi que ele fizesse o mesmo do outro lado. "Tá firme aí? Agora vamos apostar: quem perder lavará toda a louça que lota a pia. Tá bom assim?". Ele concordou mesmo sem ter captado toda a lógica. Eu continuei: "Segura bem na ponta usando o polegar e o indicador. Vou contar até três. Aí puxamos estas perninhas do osso. Quem ficar com a maior parte é o vencedor. Lá vai: 1...2...3!". Adivinha quem teve um monte de louças para lavar?
São detalhes assim, aparentemente insignificantes, que se compõem, resultam numa cultura. Cultura é cultivo. Se a gente não cultivar...Onde vamos parar?
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