Eu recebi um vídeo de uma poesia sendo declamada e uma mensagem carinhosa: "Do meu pai". Assim, por intermédio de sua filha Silmara, eu li a poesia do Maurício Poeta Netto, um cidadão do interior paulista que se achegou ao litoral graças a um convite para trabalhar na Rádio Oceânica, em Caraguatatuba. Nota-se, na sensibilidade do escritor, o ser que se acaiçarou. Que beleza! Valeu, Maurício! E parabéns pelo blog!
Fogão de lenha caiçara
Parece quadro pintado
Retratando o passadoVivo na imaginação,
Imagem da lenha embaça
No espiral da fumaça
Que sai do velho fogão,
Fogão de lenha caiçara
És uma peça tão rara
Na parede da cozinha,
Ornamentando o cantinho
Um pedaço de toucinho
Mais a ova da tainha,
A madeira do braseiro
Pedaços de espinheiro
Aquecendo essa saudade,
Família inteira reunida
À espera da comida
Com ar de felicidade,
No fogão a caçarola
O apetite consola
Já está pronto o pirão,
Antes da ceia uma prece
É o caiçara que agradece
A oferenda do pão,
Dá água na boca da gente
Mais água que rio corrente
Mais água que o imenso mar,
Faz gosto a recordação
Das memórias dum fogão
Caiçara deste lugar,
Na manhã recém chegada
Café com banana assada
Peixe frito com farinha,
Era assim até que um dia
Veio a tecnologia
Levar o que gente tinha,
Mas no retrato da mente
Vive a imagem transcendente
Dessa cultura nativa,
Parece que há ranchinho
E um fogão lá no cantinho
Em brasa vermelha viva!!!
https://youtu.be/DkMOWQ2vnoQ
(Fonte: https://mauriciocaragua.blogspot.com/2020/10/poesia-fogao-de-lenha-caicara.html)
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