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Cambuci redondo - Arquivo JRS |
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Os dois tipos - Arquivo JRS |
"A gente, até o final da vida, vai aprendendo e vendo coisas diferentes", sempre dizia a tia Izolina Amorim. E é verdade mesmo! Sabe que dias desses, lá no Vale do Paty, aos sessenta e três anos, me deparei com uma árvore diferente, mas não muito estranha? Fui indagar do meu amigo depois de olhar bem as folhas e o tronco parecido com um cafeeiro bem ali, na porta da cozinha. "Maciel, esta daqui é do mato mesmo ou é alguma frutífera?". Ele, com aquela postura desafiadora, assim falou: "Você não conhece mesmo? É cambuci e é do mato!". Voltei a reparar na planta, amassei uma folha para cheirar: "É, tem cheiro de cambuci, mas as folhas são um pouco diferentes. Tem certeza que é cambuci?". Ele deu uma prazerosa risada: "Lógico que é, Zé. Só que é do redondo". Então me espantei: "Do redondo? Existe cambuci redondo?". Naquele instante ele entrou em casa e, do congelador, trouxe umas amostras. Não é que era redondo mesmo?!
A velhice vai chegando, mas a vida não se cansa de nos surpreender. Quem diria que eu veria um cambuci redondo depois de achar que somente existia aquele levemente achatado, tipo disco voador?! Em seguida busquei avistar - e vi! - outras árvores semelhantes. Que beleza! Espécies assim precisam ser preservadas, redescobertas por seus sabores e suas características inigualáveis graças à floresta preservada, à Mata Atlântica. Precisamos agradecer às comunidades tradicionais, às pessoas tipo Maciel que prezam pela diversidade e reproduzem espécies que nem imaginamos terem participado do sustento de nossos antepassados neste chão, nesta Mãe-Terra. Viva a natureza! Viva o Vale do Paty e tantos outros lugares que nos brindam com essas dádivas maravilhosas!
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