terça-feira, 21 de outubro de 2025

CORAÇÃO NAS BRUMAS

 


Rua dos Góis - Arquivo Roberto Ferrero

   Das brumas, dessa cerração no mar, vêm coisas da memória que nunca imaginei brotar um dia. Dias desses, estando a me recordar de bons momentos antes da adolescência, quando a diversão era o motor principal da vida, com morros, praias, caminhos e mar à disposição, pensei num relato do tio Dadinho (Dario Góis), pai do Diminhas e tio do João e irmandade, todos companheiros, em outros tempos, de travessuras e aventuras no pedaço de chão entre Perequê-mirim, Santa Rita e Enseada. Éramos bem felizes e sabíamos!

   Tio Dadinho, assim como o irmão Dito Góis, habitavam nas proximidades da Pedra Branca, zona intermediária da praia da Enseada. A mãe deles, a já bem idosa Dona Maria, recebia todos os cuidados da nora Dita (esposa do Dario Góis). Já faz tempo que a rua onde moravam recebeu o nome da família: Rua dos Góis. Ali por perto, nas cercanias da rodovia, residiam outras amizades: Vera, Nenê, Helena, Dinho, Jair, Teté, Basílio, Nestor, Celi, Celeste, Vanil, Zizo, Tereza e Fernando...

   Mas qual relato me fez recordar do tio Dadinho e dessa gente dos Góis, sobretudo do Seo Dito Góis e da Dona Preciosa? Explico: eu queria entender de onde vinha esse nome, essa descendência, essa família Góis. O relato do pai do Dimas, aparecendo em fragmentos na minha memória é este:

  "A minha gente antiga veio de Portugal. Mamãe contava que até existe um cidadezinha em terras portuguesas com o nome de Góis. Foi de onde, desde os primórdios de 1500, os Góis se fizeram presentes na história do Brasil. Peró de Góis foi famoso naquele tempo. Mais tarde, junto com a família real, em 1808, mais Góis vieram para cá, morar neste chão. Tinha gente da nobreza entre os Góis, dizia a mamãe. Dessa última turma é quem vem o parente mais próximo resolvido a ser fazendeiro em terras brasileiras. Sabeis a razão do finalzinho da praia, indo no caminho do Paru, ter o nome de prainha do Canto do Góis? É porque ali um nosso parente tinha um engenho de pinga e plantava mais coisas por aquele morro todo. Com o passar do tempo esse meu parente empobreceu, tudo se arruinou e deu nessa caiçarada que somos. Os descendentes viraram esses Góis que estão hoje em dia por aí, inclusive eu e o Ditinho." 

   Ah! Como eu gostaria de saber mais dos bens da nossa terra! É neste rumo que o meu coração é chamado.




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